Aviso a tempo por causa dos tempos

Não existem padrões de género nem «características inatas» que nos
definam como mulheres ou homens. Resultamos de condicionamentos
culturais que devemos desconstruir para procurar novos caminhos comuns.

O anarquismo é, por princípio, anti-sexista e inimigo do patriarcado,
porque a destruição de todas as formas de dominação é o elemento
básico da sua constituição.

O movimento anarquista é, por natureza, plural, com inúmeras
orientações, práticas e sensibilidades, apesar de existirem algumas
ideias definidoras comuns, entre as quais uma visão construída com base
na crítica ao poder e ao autoritarismo.

Nos últimos tempos, temos assistido, em meios que nos são próximos, a
episódios de alegada orientação «feminista» que nos têm levado à
reflexão e ao confronto. Os feminismos são muitos e alguns estão em rota
de colisão com as práticas libertárias. Ideias, práticas e
reivindicações que queriam ser alternativas e subversivas andam, na
verdade, perfeitamente alinhadas com as lógicas de dominação, procurando
apenas inverter a lógica binária, valorizando as hierarquias, ainda que
femininas, em vez de as destruir.

É com este tipo de feminismo, intrinsecamente autoritário, que nós
queremos traçar uma linha divisória. Estas pessoas, que são a negação da
luta anti-sexista que nos orienta, serão tão mal-vindas nos nossos
espaços como os comportamentos machistas ou outros de demonstração de
poder.

Contra qualquer tipo de autoritarismo.

Algumas anarquistas e alguns anarquistas do Porto